ATA DA REUNIÃO DE INSTALAÇÃO DA PRIMEIRA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 02.01.1997.
Aos dois dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e
sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Adeli Sell, Carlos Garcia, Clovis
Ilgenfritz, Fernando Záchia, Gerson Almeida, João Dib, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum,
Renato Guimarães, Titulares, e Cyro Martini, Suplente. Ainda, durante a
presente Reunião Ordinária, responderam a chamada os Vereadores Anamaria
Negroni, Guilherme Barbosa e Nereu D'Ávila, Titulares, e João Carlos Nedel e
Lauro Hagemann, Suplentes. Constatada a existência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e instalada a Primeira Comissão
Representativa da Décima Segunda Legislatura. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios
nºs 535, 536, 537, 538, 538, 539 e 540/96, do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre; 255/96, da Senhora Sílvia Cappelli, Promotora de Justiça do
Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul; 2857/96, do Senhor José
Fernando Cirne Lima Eichenberg, Secretário da Justiça e da Segurança do Estado
do Rio Grande do Sul; Telegrama do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, Chefe
da Casa Civil do Estado do Rio Grande do Sul; Cartão da Senhora Iara Sílvia
Lucas Wortmann, Secretária da Educação do Estado do Rio Grande do Sul. Em
COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador Clovis Ilgenfritz saudou os Vereadores
presentes e os funcionários da Casa, salientando seu desejo de realizar um
trabalho embasado em uma visão
coletiva, no respeito mútuo e na busca do melhor para a Cidade. Também
reportou-se a incidente ocorrido quando da festa de transmissão do cargo de
Prefeito, no Auditório Araújo Vianna, na qual a presença da Câmara deixou de
ser citada, gerando constrangimento à Sua Excelência. Transmitiu ao Plenário o
pedido de escusas dos Senhores Prefeito e Vice-Prefeito ao Legislativo
Municipal, pela falha protocolar. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell
comentou a venda das ações da Companhia Riograndense de Telecomunicações e o
desmantelamento da Companhia Estadual de Energia Elétrica, criticando as
posições do Executivo e Legislativo Estadual quanto ao assunto e propondo a
criação de um amplo movimento em defesa do patrimônio público. O Vereador
Carlos Garcia falou de sua satisfação em ocupar a Tribuna da Casa e,
reportando-se ao discurso do Vereador Adeli Sell, colocou que, com a
privatização, o Estado corre o risco de ver abalada sua soberania. Apoiou
proposta daquele Vereador, de mobilização geral em defesa do Estado e de toda a
Nação. O Vereador Fernando Záchia teceu considerações sobre a não-participação
do Partido do Movimento Democrático Brasileiro na composição da Mesa Diretora,
argumentando que o PMDB estará sempre
atento aos assuntos pertinentes à Casa e à Cidade. Falando sobre a posse do novo
governo municipal, atentou para a importância de que esta Casa receba a devida
consideração de parte do Poder Executivo.
O Vereador Gerson Almeida, na condição de Líder do Partido dos
Trabalhadores, reafirmou a todos que se estabelecerá neste Legislativo uma
relação respeitosa, de permanente discussão e diálogo, tanto entre Vereadores e
Partidos quanto entre a Casa e o Executivo Municipal, a fim de que sejam
beneficiados todos os porto-alegrenses.
O Vereador Guilherme Barbosa analisou as conseqüências, para o Estado,
da venda de ações da Companhia Riograndense de Telecomunicações. Ainda,
registrou que, no final da Décima Primeira Legislatura, teve a satisfação de
ver aprovado um projeto de sua autoria, referente ao sistema de hidrantes
da Cidade. O Vereador João
Dib, reportando-se ao episódio
da festa no Auditório Araújo Vianna, cumprimentou o Presidente desta Casa,
Vereador Clovis Ilgenfritz, por ter reagido devidamente ao colocar sua posição
sobre o assunto. Também, comentou a forma como foi marcado o tempo de
pronunciamento dos Senhores Vereadores durante a Sessão de Instalação da Décima
Segunda Sessão Legislativa e, finalizando, questionou a tomada de posse dos
Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini. Na oportunidade, o Senhor Presidente
informou que a questão da posse dos Vereadores Lauro Hagemann e Cyro Martini
seria discutida com a Procuradoria e com a Diretoria Legislativa da Casa e os
Vereadores Lauro Hagemann e Maria do Rosário solicitaram cópias dos
Requerimentos de Licença dos Vereadores João Verle e Henrique Fontana. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro discorreu sobre a posse, ontem, do
novo Prefeito e novos Vereadores de Porto Alegre. Teceu considerações sobre o
projeto do Governo Federal que trata da reforma administrativa, analisando alguns pontos constantes do mesmo
e atentando para os prejuízos dele resultantes para a população. Concluindo,
defendeu a posse, ontem, dos Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib
teceu considerações a respeito das normas que regem a composição da Comissão
Representativa da Casa, lembrando situação verificada, no ano passado, quando
não foi aceita a posse do Suplente Raul Carrion durante o período de recesso
parlamentar. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maria do Rosário falou da honra de
ser novamente Vereadora de Porto Alegre, saudando, em especial, as mulheres que
passam a compor este Legislativo. Salientou a responsabilidade dos atos
políticos que, a partir desta Casa, também pautam a vida da cidade e deste
Estado, analisando o momento histórico que hoje vive o País. O Vereador Paulo
Brum saudou os novos colegas que estão assumindo, os que se reelegeram, a Mesa
e os funcionários, externando sua satisfação em fazer parte da Mesa Diretora da
Casa. O Vereador Renato Guimarães saudou os integrantes deste Legislativo, falando
sobre os problemas hoje enfrentados pelo País e destacando, como mais grave, o
problema social, que representa a
condenação do futuro
do povo brasileiro.
O Vereador Cyro Martini lamentou
posicionamentos assumidos pelo Vereador
João Dib, acerca da posse de Sua Excelência e do Vereador Lauro Hagemann,
declarando que, apesar dos obstáculos,
honrará seus compromissos com as forças populares de Porto Alegre.
Ainda, criticou a atuação do Senhor José Eichenberg no referente à
possibilidade de privatização do Departamento de Trânsito. O Vereador Nereu
D'Ávila leu e comentou Pareceres da Procuradoria da Casa, assinados pela
Advogada Martha dos Santos Lages, que
tratam da convocação de suplente durante o período do recesso parlamentar,
ressaltando diferenças entre as posses dos Vereadores Lauro Hagemann e Cyro
Martini e a situação do Vereador Raul Carrion, que não tomou posse durante o
recesso parlamentar no ano passado. Atentou para o fato de que, em caso não
contemplado no Regimento, esse Parecer vale como lei. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador Gerson Almeida declarou que a posse dos Suplentes Cyro Martini e
Lauro Hagemann é um ato legal e regimental, ressalvando, contudo, que a forma como o processo foi
encaminhado pode suscitar margem para a criação da polêmica hoje observada.
Durante a Reunião, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos
Vereadores João Dib e Juarez Pinheiro, acerca da posse dos Suplentes Lauro
Hagemann e Cyro Martini, tendo o Vereador Juarez Pinheiro solicitado que, caso
o assunto não fique totalmente esclarecido junto à Procuradoria, seja
posteriormente encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça. Às onze horas e nove minutos, nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de quarta-feira, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis
Ilgenfritz, Paulo Brum e Guilherme Barbosa e secretariados pelos Vereadores
Paulo Brum e Fernando Záchia, este último como Secretário "ad hoc".
Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Bom dia a todos, eu estava na posse coletiva
do Secretariado, representando esta Casa.
Declaro aberta a Reunião de
Instalação da Comissão Representativa e convido o Ver. Fernando Záchia para
colaborar com a Mesa, fazendo a chamada.
(Procede-se à chamada
nominal dos Vereadores.)
Antes de entrarmos no
período de Comunicações, este Presidente deseja usar a palavra no tempo de
Presidência, e passo a Presidência ao 1º Secretário, Ver. Paulo Brum.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra em tempo de Presidência.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ:
Sr. Presidente Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores, eu queria aproveitar este
momento de abertura da 1ª Reunião da Comissão Representativa para saudar os
Vereadores presentes, os funcionários da Casa, e desejar que se possa ter um
trabalho profícuo neste momento em que se inicia uma nova Legislatura nesta
Casa. Queria saudar também o Ver. João Dib, que muito nos honra com a sua
posição crítica construtiva e com a sabedoria de muitos anos de experiência.
Eu gostaria de dizer aos
Srs. Vereadores que pretendemos trabalhar aqui numa visão coletiva de respeito,
de máximo interesse em acertar e vamos esperar dos Srs. Vereadores, inclusive
dos mais experientes, que colaborem com a Mesa, com todos os membros da Mesa,
com os Diretores, em especial com a Diretoria Legislativa, para que os
trabalhos se dêem a bom termo.
Eu não podia deixar de usar
a palavra para esclarecer aos Srs. Vereadores, que já devem ter lido na
imprensa sobre um pequeno incidente que houve, ontem, na festa de transmissão
do cargo do Prefeito no Araújo Viana. Eu queria dizer que, realmente, nós nos
sentimos constrangidos por não ter sido citada a presença da Câmara e por nem
termos sido convidados para participar do ato de uma forma que ficasse
transparente e evidente a nossa presença como Poder Legislativo. Tomei a
atitude drástica de me retirar do ato, sem nenhum alarde, com todo cuidado para
não criar problemas supervenientes.
Hoje, pela manhã estive
junto com o Ver. Guilherme Barbosa, que é membro da Mesa, e com o Ver. Gerson
Almeida, que é o nosso Líder da Bancada, participando da posse coletiva do
Secretariado. Antes que a posse acontecesse, o Prefeito Raul Pont e o Vice-Prefeito
José Fortunati pediram-me para conversar, e de uma forma que consideramos de
grandeza pediram que transmitissem à Câmara Municipal as desculpas pela falha
do protocolo ontem à noite. Eles querem reforçar aquele discurso que foi feito
ontem no plenário. Eu, em nome da
Câmara, fiz as ponderações, dizendo que não pode acontecer isso, senão pelas
pessoas, pela instituição. E insistentemente, em especial o Vice-Prefeito José
Fortunati, que vai fazer as relações com a Casa, desculparam-se pelo incidente
protocolar.
Era isso que eu queria
colocar e espero que essa questão esteja vencida e que possamos esquecer que
isso aconteceu. Fiquei sentido porque estava vibrando com todo o acontecido.
Nós, aqui na Câmara, com a ajuda dos funcionários e, em especial, das relações
públicas e da nossa colega Otília, fizemos um trabalho que, considero, foi um
dos melhores no sentido de recepcionar os visitantes, o Prefeito e o
Vice-Prefeito eleitos. Demos a palavra a todos, embora o protocolo só
facultasse o direito a um falar. Considero que o Ver. Isaac Ainhorn encerrou o
seu mandato, conjuntamente com os membros da Mesa, de uma forma muito bonita.
Eu me senti obrigado a dizer
isso antes que algumas questões tomassem vulto sem necessidade. A Casa será
respeitada, se depender de mim. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passamos ao período de
COMUNICAÇÕES
O Ver. Adelli Sell está com
a palavra.
O SR. ADELLI
SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é com muita satisfação que, neste início de 1997,
estreando nesta Casa, me dirijo aos colegas para fazer um pronunciamento que
vai além das questões do Município e das questões cotidianas da nossa Casa.
Hoje o nosso País vive numa situação muito grave, uma crise econômica e social,
e o Estado do Rio Grande do Sul deve nos preocupar, como moradores da Capital,
como porto-alegrenses e gaúchos.
Recentemente, a Assembléia
Legislativa do Estado tomou decisões que, na minha opinião, colocam em risco o
patrimônio público do Rio Grande do Sul. A venda de 35% das ações da CRT, a
demolição e a repartição da CEEE, em várias empresas, colocam em cheque o
patrimônio público do Estado do Rio Grande do Sul, e nos colocam numa situação
de precariedade em duas situações que são estratégicas para o País e para o
Estado, que são as comunicações e a energia.
O nosso Partido, o Partido
dos Trabalhadores, e eu, de modo especial, já superamos a visão de
estatismo/não-estatismo, porque nós acreditamos que toda empresa estatal deve
ser pública e servir aos interesses do conjunto da população. Nesse sentido
parece equivocada a posição adotada pelo Governo do Estado em relação à CEEE e
à CRT. Nós não vamos nos ater a uma simples defesa dos interesses corporativos
dessas duas instituições. Nós queremos discutir o desenvolvimento econômico e
social do Rio Grande do Sul. A metade sul do Rio Grande do Sul ficará
completamente abandonada, porque temos a certeza de que a iniciativa privada
não fará nenhum esforço para desenvolver as comunicações e a energia elétrica
nessa região do nosso Estado. Por isso nós queremos registrar a nossa
discordância com essas medidas e propor
a esta Câmara, aos Vereadores e aos porto-alegrenses um movimento em defesa do
patrimônio público, junto à gloriosa Vale do Rio Doce, uma empresa estratégica
para o desenvolvimento do País, assim como aos bancos estatais, que têm ajudado
o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado. Por isso nós queremos,
junto com as instituições que foram colocadas em risco e junto com a população,
fazer um amplo movimento. Temos certeza de que muitos dos Vereadores aqui,
inclusive da antiga Legislatura, já se posicionaram em defesa dessas
instituições, porque acreditamos que o que está em jogo, o que está em risco é
o patrimônio público do País e do Estado. Por isso queremos fazer um apelo aos
Srs. Vereadores para que, junto com o povo do nosso Estado, mobilizemo-nos para
que possamos organizar um grande encontro estadual em defesa do patrimônio
público, onde, além dos funcionários da CEEE, da CRT, dos bancos estatais
possamos trazer Vereadores, Prefeitos, cooperativas, empresários que têm uma
preocupação com a sustentação de um modelo econômico para o nosso Estado e o
nosso País, que dêem plenas condições a um desenvolvimento econômico-social da
nossa indústria e comércio, porque, sem uma base de telecomunicações, sem uma
base de energia, isso não será possível. É nesse sentido o nosso
pronunciamento.
Para encerrar, não poderia
deixar de registrar a minha solidariedade com ato do nosso companheiro,
Presidente Clovis Ilgenfritz, pelo incidente ocorrido, no Araújo Viana, porque
não se trata da figura do petista ser
ou não ser chamado ao palanque, mas como Presidente de uma instituição. Nesse
sentido, acho que foi um erro muito grave cometido, e, felizmente, o nosso
Prefeito e Vice-Prefeito corrigiram, na manhã de hoje, esta grave questão.
Vou-me pautar aqui, como me
pautei sempre com minha atitude por defender a autonomia do Legislativo em
relação ao Executivo, assim como na minha trajetória política fui daqueles que,
sendo de esquerda, sempre defendi a autonomia do Partido em relação ao Estado.
Por isso que, na esquerda, sempre me pautei por uma postura democrática e
aberta. Nesse sentido, deixo registrada a minha solidariedade ao Ver. Clovis
Ilgenfritz, no caso, ontem, representando esta instituição: a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Carlos Garcia está com a palavra.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. É com satisfação e, ao mesmo tempo, com emoção que
estamos ocupando pela primeira vez esta tribuna, e o fazemos com a
clarividência que norteia sempre o PSB
Quando eu vejo o Vereador
falando sobre a questão da soberania nacional, volto a lembrar o que ocorreu
com o PSB na década de 50: o Partido Socialista Brasileiro, na época, encampou
o movimento do "O petróleo é nosso". Dentro dessa visão, essas
questões devem estar sempre imbuídas do espírito nacional, a questão da energia
e das telecomunicações estão interligadas; correremos o risco de perder o controle
da nossa soberania a médio e a longo prazo. Muitos não entendem assim, mas nós,
como partidos que acreditamos nisso e temos sempre essa visão, achamos
importante essa participação de todos, principalmente, daqueles que têm um
compromisso popular, que são do campo da esquerda, que realmente ficaram
engajados neste movimento. Lembro que no dia 29 de novembro houve uma
manifestação de vários municípios do Rio Grande do Sul, quando fizeram o abraço
à CRT, e aquele movimento terminou no Palácio Piratini, onde todos os segmentos
e campos da esquerda estiveram presentes fazendo a sua manifestação contra o
que viria ocorrer no próximo mês de dezembro.
Então, entendemos que o
momento é oportuno para uma ampla mobilização no Estado, propondo também uma
ampla mobilização nacional, porque o que ocorre aqui no nosso Estado está
ocorrendo em todo o Brasil, nós já vimos que o reflexo do Brasil é o que está ocorrendo
na América do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Venho a esta
tribuna para saudar os novos Vereadores com quem vamos conviver ao longo de
quatro anos e cumprimentar a Mesa empossada ontem, deixando bem clara a posição
do PMDB. O PMDB não participou da composição, não que seja contrário ou que não
concorde com a formação da nova Mesa. O PMDB vai seguir fazendo como fez
durante esses quatro anos, dando todo o apoio aos trabalhos feitos nesta Casa.
Entendemos que a Mesa está extremamente bem dirigida, que tem todos os bons
propósitos e vai ter, evidentemente, o apoio do PMDB. Isso foi dito
particularmente ao Ver. Clovis Ilgenfritz, e não poderia ser de maneira
diferente. O PMDB pensa que a composição é um ato político e nesse ato político
tinha um posicionamento contrário. Mas o andamento sempre vai ter o apoio do
PMDB. Preocupados com as coisas da Casa e da Cidade, vamos estar trabalhando
juntos.
É importante o
posicionamento do Presidente da Casa, do Vice-Líder do PT pelo fato ocorrido
ontem à noite. Não foi um ato com um militante, um grande militante do PT, mas
sim uma desatenção com a instituição Câmara de Vereadores muito bem reparada
pelo atual Prefeito e pelo Vice-Prefeito Fortunati. Entendemos que a Casa deva
ser, em todos os momentos, considerada naquelas ocasiões municipais. A mesma
postura cobraremos em todos os atos estaduais, porque entendemos que a
instituição Câmara de Vereadores é sempre muito bem representada. Ao Ver.
Clovis Ilgenfritz oferecemos toda a nossa ajuda dentro do possível, todo o
apoio do PMDB para que possamos ter um ano de mudanças importantes para a Casa,
sob nova direção, sempre querendo o bem desta Casa Legislativa e,
conseqüentemente, o bem desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Agradeço as palavras dos Vereadores Fernando Záchia e Carlos Garcia.
O Ver. Gerson Almeida está
com a palavra pelo PT.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Sr.
Presidente, companheiro Clovis Ilgenfritz. Ver. Paulo Brum e demais Vereadores
presentes nesta Reunião da Comissão Representativa. Antes de mais nada também
quero saudar a todos os Vereadores nesta
Reunião de Instalação da Comissão Representativa e aproveitar, na
condição de Líder do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, para reafirmar a
todos os Partidos, a todas as Lideranças que, por definição partidária e
pessoal, vamos estabelecer uma relação, a mais respeitosa possível. Vamos
estabelecer uma relação de permanente discussão e diálogo, vamos estabelecer
uma relação de construção de opiniões e, mesmo naqueles momentos em que
divergências profundas houver, vamos saber tratá-las de uma maneira respeitosa,
na medida em que cada Vereador, cada Bancada aqui presente representa uma
parcela significativa da vontade da cidadania de Porto Alegre. Isso tem
legitimidade e deve ser tratado com o maior respeito.
Todos os Vereadores desta
Casa, da Bancada do PT, da Bancada do PSDB, do PFL, do PPB e de todos os
Partidos, têm a qualidade da sua composição já reconhecida publicamente por
todos os jornalistas políticos, que cobrem a vida política desta Casa ao longo
dos anos, quando reconhecem que esta Legislatura, pela composição dos quadros
políticos, dos Vereadores, tem uma qualidade das melhores. E esta é uma Casa
Legislativa que tem tradição de bom debate e de fazer a boa discussão política.
Portanto, quero reafirmar em nome da Bancada do PT que esse será o nosso
tratamento e esse será o nosso compromisso nesta Legislatura
Também, sem querer fazer
polêmica ou transformar um episódio que certamente será isolado em qualquer
outra coisa - mas na medida em que o companheiro Clovis Ilgenfritz, esclareceu
à Casa sobre a sua postura assumida ontem e as decorrências do que houve -
quero, em nome da Bancada do PT, dizer que entendemos que foi um fato isolado,
e que a partir de então, não teremos não o companheiro petista Clovis
Ilgenfritz, mas a instituição Câmara Municipal, como foi bem lembrado pelos
Vereadores que me antecederam, sempre tendo o papel de destaque que deve ter em
solenidades desse tipo. Portanto, nos solidarizamos com o pronunciamento, e,
com as medidas que o companheiro Presidente Clovis Ilgenfritz tomou e,
certamente, pela resposta imediata e direta que teve tanto do Prefeito quanto
do Vice-Prefeito, aquele episódio se encerra naquele momento.
No primeiro pronunciamento
na Comissão Representativa não poderia deixar de dizer que devemos pautar nossa
intervenção, não só pelo aprofundamento do debate público das questões da
Cidade em um ano em que o Plano Diretor será um dos temas mais recorrentes e
que vai exigir o melhor de cada um dos Vereadores desta Casa, na medida em que
o que está em discussão, quando se fala em Plano Diretor são medidas de longo
curso na Cidade de Porto Alegre. Qualquer decisão vai afetar a vida dos
cidadãos, para o bem ou para o mal, durante longos anos, pois planos como esse
não são afeitos a mudanças diárias, tendem sempre a uma longevidade e,
portanto, cada decisão deve ser pautada pelo exaustivo debate e orientada pela
concepção de cidade que todos nós temos e que queremos construir. Logo, são
decisões que devem ser tomadas agora prevendo sempre o futuro da Cidade com melhor qualidade de vida, um lugar mais
aprazível para que os cidadãos possam morar. Certamente, é esse o desejo que
todos temos e é essa a vontade de que estamos imbuídos nesta Legislatura. Para
citar um exemplo, o Ver. Paulo Brum, ao entrar nesta Casa, trouxe para o
cotidiano uma questão que muitas vezes é esquecida e que os construtores da
Cidade não levam em conta, que é a verdadeira corrida de obstáculos, que é para
um deficiente físico, transitar em qualquer cidade deste País. Logo, essa
experiência particular, assim como a experiência particular que cada um dos
Vereadores traz para esta Casa, com certeza irão construir uma riqueza de
debates e uma possibilidade de decisões com as quais a Cidade de Porto Alegre é
que ganhará.
Quero dizer também, como
servidor público, como funcionário da CRT há quase vinte anos, como dirigente
do Sindicato da Categoria e Presidente da Federação Nacional, que a Câmara de
Vereadores, já na Legislatura passada, por iniciativa de vários Vereadores,
afirmou uma posição clara e inequívoca quanto ao verdadeiro desmonte e
descrédito que estão em curso em relação ao servidor público, não só no nosso
Estado, mas especialmente nele. Nesta Legislatura, esse debate deve ser
aprofundado, deve ser continuado e devemos unir esforços com as Bancadas da
Assembléia Legislativa, com todos aqueles cidadãos e entidades da sociedade
civil que querem, ao invés de enfraquecer, fortalecer o serviço público, porque
há milhões de excluídos na nossa sociedade gaúcha que precisam de uma saúde
mais pública, de políticas habitacionais públicas, de democratização no setor
das telecomunicações, de energia universal, com tarifas que sejam capazes de
ser sustentadas por todos e qualquer cidadão, do mais pobre ao mais aquinhoado.
Para finalizar, quero, em
meu nome particular e em nome da Bancada do PT, desejar à Mesa, ao Presidente e
a todos os Vereadores, que tenhamos uma Legislatura à altura das melhores tradições
do debate público que possui o Rio Grande do Sul, garantindo, inclusive, a
maior pluralidade possível, tanto na Mesa, nas Comissões, quanto em qualquer
organismo de representação da Casa. Este é o nosso desejo e nossa determinação.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero, no início desta Legislatura, no início do ano de 1997, dizer
da minha satisfação em compor o grupo de trinta e três Vereadores desta Capital
do Rio Grande do Sul, e iniciando uma nova tarefa, sendo honrado com a
possibilidade de estar na Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Assim como procuro sempre fazer na minha vida particular, na minha vida
profissional, pretendo colocar todo o esforço, toda a minha pouca capacidade,
para que a Câmara consiga ter um desempenho bom, importante, como sempre teve
ao longo da sua história. Quero destacar a satisfação pessoal deste Vereador em
estar mais uma vez, durante quatro anos, trabalhando por esta Cidade, com essa
nova tarefa de compor a Mesa.
O tema que vem à baila, é
trazido pelo Ver. Adeli Sell - e não tivemos tempo no final da Legislatura
passada de o abordar - é um assunto que eu sempre debato desta tribuna, que
ultrapassa os limites do Município, mas que também tem relação direta com Porto
Alegre, embora não seja uma questão exatamente municipal ou relacionada com o
Executivo Municipal. Digo, às vezes, que o País está à venda. Quem tiver acumulado
algum valor significativo pode fazer, com certeza, excelentes negócios.
Inicialmente, o Governo Estadual colocou à vendas 35% das ações da CRT, apesar
de um grande questionamento sobre a possibilidade de vender esses 35%.
Surpreendemente, dentro da proposta colocada em edital, aquele que adquirisse -
agora já tendo adquirido - o lote de 35%, teria 50% da direção da empresa.
Compra 35% das ações, mas tem 50% da direção da empresa. Exatamente o número de
diretores, e os diretores mais importantes: o da expansão, da operação, e, pelo
que se diz - não cheguei, de fato, a ler -, mas a notícia que nos traz a
imprensa é de que o Presidente vai ser uma espécie de Rainha da Inglaterra.
Como se isso não bastasse, coloca-se ainda que o consórcio vencedor terá prioridade
no fornecimento de equipamentos e execução de serviços. É uma coisa
inadmissível. Não sou advogado, mas tenho a impressão, pela pequena experiência
administrativa no Município, de que isso, inclusive, é ilegal. A nova lei de
licitação, nº 8666, não permite isso: tem que haver, necessariamente, licitação
para contratação desse tipo de serviço ou obras e equipamentos. E o resultado
da licitação trouxe que um grupo de comunicação do Estado adquire, então, a
possibilidade de também dirigir a nossa empresa de telecomunicações. Esse é um
aspecto fundamental. A democracia, necessariamente, obrigatoriamente, necessita
que os sistemas, toda a infra-estrutura da comunicação, seja absolutamente
democratizada. Como é que um grupo de comunicação do Estado passa a gerir a
empresa de telecomunicação do Estado? Esse é um aspecto tremendamente
relevante. Não é exatamente uma crítica à RBS. Vejo que alguém, que tem na
comunicação o seu negócio principal não poderia estar gerindo a empresa
estadual de comunicação.
O Sr. Fernando
Záchia: V.
Exª. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esclareço a V. Exª., quando
V. Exª. dizia que tem dúvidas, porque não se aprofundou no contrato, que as
empresas que participaram do consórcio teriam a prioridade no fornecimento de
equipamentos e serviços, o que não é verdade. Eu também não sou advogado, mas
me parece claro que seria extremamente legal. Tantas ações passaram por uma
discussão, no Judiciário gaúcho, que se isso fosse verdadeiro, parece-me que já
teria sido impugnado na primeira. A discussão é válida. Esse próprio consórcio
que envolve a RBS é discutível. Acho que é legal, mas, talvez, possa ser
imoral. Na minha opinião, uma empresa de comunicação privada do Estado não
deveria - não que não pudesse -
participar. Mas como V. Exª. disse, nós estamos dentro de um processo
democrático e lícito. Foi aberto o consórcio e dentro do consórcio pode ser
firmado por diversas empresas. Talvez o processo licitatório devesse dizer que
ali fosse proibido participar uma
empresa de comunicação. Mas é importante, Ver. Guilherme Barbosa, não
começarmos a levantar suspeita sobre uma coisa que não sabemos. V. Exª. foi
bastante honesto e claro, dizendo que não tem conhecimento profundo e sei que
não é verdadeiro que essas empresas terão prioridade. Elas terão a condição de
participar.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Agradeço o aparte do Ver. Fernando Záchia. Reafirmo que não li o
contrato, mas V. Exª. não pode dizer que não é verdade, porque isso foi
amplamente divulgado. Agora, vou me aprofundar para que nós possamos fazer a
continuidade do debate, porque o assunto é muito relevante.
Gostaria de registrar que
tive muita satisfação no final da outra Legislatura, em dezembro, de ver
aprovado um Projeto de minha autoria sobre o sistema de hidrantes da Cidade.
Porto Alegre agora é conhecida - e nós, de certa maneira, já sabíamos da sua
alta qualidade de vida - em todo o País, em razão de uma pesquisa realizada
pela revista Exame. Existia um aspecto que não combinava com esta situação de
Porto Alegre, que era o nosso sistema de proteção contra o fogo. Este sistema,
Verª Anamaria Negroni, não tinha nenhuma regulamentação legal. Apenas existia
uma vontade, uma sensibilidade maior ou
menor do Diretor do DMAE junto
com o Corpo de Bombeiros, mas nenhuma obrigação legal sobre isso. Então, o meu
Projeto, que foi aprovado por vinte e um votos a favor e apenas um voto contra,
levou ao DMAE esta obrigatoriedade, dando um período para que o Departamento
recoloque, durante dois anos, 150 hidrantes - que já existiram e não há mais na
Cidade - e coloque mais outros 500, numa avaliação de 94, que já deve ser mais,
e reforce redes para que a Cidade de Porto Alegre esteja numa situação ideal,
em termos de proteção contra o fogo, e permaneça assim, para que nós tenhamos a
quem nos dirigir para exigir esta situação ideal. Isto foi tão importante que,
naquele mesmo dia, naquela mesma tarde, eu não sei como, o Corpo de Bombeiros
soube da aprovação do Projeto e um representante da Corporação veio aqui,
imediatamente, buscar uma cópia de tão satisfeitos que eles ficaram com relação
àquela votação. É um elemento principal do Corpo de Bombeiros no combate ao
incêndio. A imprensa trouxe várias matérias, em dezembro, da existência de
incêndios e da dificuldade dos Bombeiros em combatê-los pela distância dos
hidrantes ou, às vezes, pela existência de hidrantes que não funcionam. Então
eu quero dizer que fiquei muito feliz pela aprovação deste Projeto e tenho a
certeza de que a Cidade passa a ter, a partir de agora, uma nova situação contra
esse sinistro que ataca o nosso patrimônio e, às vezes, a vida de nossos
munícipes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. João Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ninguém me criticará por ser incoerente ou por
não ter posições definidas.
No ano que passou, na
Legislatura que passou mais precisamente, reiteradas vezes eu assomei a esta
tribuna para reclamar contra a omissão desta Casa. Esta Casa que se subordinou
ao Executivo Municipal muitas vezes. E eu dizia que o Prefeito Tarso Genro havia
sido eleito com menos de 50% dos votos. E nós, Poder Legislativo, tínhamos 100%
dos votos, como agora ocorre. O Prefeito Raul Pont tem 52% dos votos, se não me
engano, e nós temos 100% dos votos. Por
isso quero, desde logo, cumprimentar o Sr. Presidente desta Casa, porque
o Legislativo colocou a sua posição. Tem que reagir à agressão. E a
não-convocação do Presidente desta Casa para fazer parte da Mesa nas
festividades de transmissão do cargo do novo Prefeito fez com que o Presidente
reagisse; e fez muito bem. É assim que deve ser.
Eu dizia também que, de
repente, mexeram na minha calçada, fizeram um buraco e eu não reclamei. Depois,
mexeram no meu muro, e eu também não reclamei, mexeram no meu jardim, e eu
também não reclamei. E depois levaram os meus filhos de dentro de casa e eu não
podia reclamar. Então, o Presidente colocou muito bem no primeiro minuto:
"Nós somos o Poder Legislativo e vamos ser respeitados como tal".
Espero que seja assim durante os quatro anos.
Eu sou um homem de palavra;
sou um homem, muitas vezes irritado, muitas vezes brabo, mas sempre
disciplinado. E ontem eu me senti fraudado, porque deram três minutos para que
os Vereadores saudassem as autoridades e o povo presente. E até propuseram que
saudassem de costas; eu é que reclamei que deveria ser usada a tribuna. Eu usei
menos que os três minutos e não vou admitir que alguém escreva um discurso e
use mais de dez minutos. É um desrespeito para com os colegas, para com as Lideranças
e para com a população. Ainda mais que uma das argumentações é de que não se
deveria levar mais tempo. Eu posso admitir que alguém tenha que se pronunciar
em três minutos e exceda o tempo, porque é difícil fazer com que o tempo e as
frases se fechem perfeitamente. Então, mais um minuto para concluir o
pensamento, eu até entenderia. Agora, o pronunciamento escrito pode ser
cronometrado. O Ver. Gerson Almeida que me perdoe; o Presidente Ver. Clovis
Ilgenfritz que me perdoe; o Ver. Isaac Ainhorn que me perdoe, pois os discursos
estavam escritos. E ordem é ordem. Lei é lei. Três minutos são três minutos.
O Sr. Gerson
Almeida: V.
Exª. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de aproveitar sua
colocação, nobre Ver. João Dib, para penitenciar-me diante de V. Exª. e demais
Vereadores, pois, de fato, reconheço que ultrapassei uma regra, o que não é da
minha índole e nem da minha prática. Naquele momento, por vários fatores, o
cronômetro do tempo e a leitura do
discurso não fecharam em boa parte do tempo. Então, gostaria de dizer que,
antes que isso ganhe qualquer outra conotação, acho correta aquela questão.
Inclusive, o Sr. Presidente foi muito insistente na oportunidade.
O SR. JOÃO
DIB: Muito
bem, mas de repente não vão ser 14 Vereadores que vão me impor qualquer coisa.
Estou reclamando pela coerência que tenho, pois existem coisas que não posso
aceitar. Assumi a Prefeitura de Porto Alegre no dia 02 de abril de 1983 e dizia
que o grande problema de Porto Alegre é o somatório de seus pequenos problemas.
Quanto custa a solução de um pequeno problema? O Ver. Gerson Almeida há de
dizer que na SMAM deve custar R$ 500,00. Mas de qualquer forma vou admitir que
um pequeno problema da Cidade custa um mil reais para sua solução e o eminente
Secretário da Fazenda do Município, reconduzido já pela terceira vez como
Secretário da Fazenda, declara que tem R$ 10 milhões nos cofres da Prefeitura.
Já nem vou dizer que deveria pagar um pouco daquilo que deve para os servidores
municipais. Mas R$ 10 milhões a R$ 1.000,00 por problema resolveria 10 mil
pequenos problemas desta Cidade. Por exemplo, lâmpadas, buracos,
repavimentações ou também resolveria o problema viário. Com R$ 10 milhões, se
me fossem colocados nas mãos, eu duplicaria e regularizaria a Av. Aparício
Borges, eu alargaria a Av. Salvador França, eu alargaria a Rua D. Pedro II e
mais três metros na Av. Carlos Gomes e ainda sobrava para resolver pequenos
problemas. Dez mil, no mínimo, eu estou cobrando e pagando por cada pequeno problema mil reais, mas é esse o valor. Eu estou
pagando, e o Secretário se vangloria de ter dez milhões de reais no cofre,
enquanto hoje eu ouvia o Dr. Lagranha dizer que recebia a Prefeitura sem nenhum
centavo, e que está correto, porque o meu professor Antenor Brum, na minha aula
de economia política me ensinou que o orçamento público deve ser equilibrado;
se não for equilibrado, deve ser deficitário porque, senão houve injustiça. E
aqueles que aqui tanto clamam pela justiça fiscal o que fazem com os dez
milhões se não taparam os buracos da Cidade, se não repuseram as lâmpadas, se
não fizeram tantas pequenas coisas que aliviariam a vida do porto-alegrense,
até cortar galhos de árvores na frente das sinaleiras?
Mas eu sou um homem
coerente. Ontem a Ordem do Dia estabelecida não foi respeitada porque o
Prefeito Tarso Genro, que eu aprecio, que eu admiro, o cidadão, falou e não
estava previsto que ele falaria; não estava prevista a posse dos Suplentes.
Depois de tudo realizado, faz-se a posse dos Suplentes. Eu estou colocando à Presidência
da Casa que os Suplentes não podem assumir no recesso, o Ver. Raul Carrion não
pôde. Aqui tem pareceres da Procuradoria da Casa dizendo que não pode. Eu não
estou entendendo o que ocorreu, até porque os pedidos foram feitos a partir do
dia 02, hoje, eu li, para que haja
substituição, na Casa, de dois Vereadores que foram licenciados. Eu espero que
isso não ocorra, por mais respeito e carinho que eu tenha pelo Ver. Lauro
Hagemann e pelo Ver. Cyro Martini. Lei é lei, e a minha tese é que lei foi
feita para ser clara, concisa, precisa e respeitada. Eu não entendi, depois de
tudo pronto, uma complementação na Sessão. Espero que eu apenas não tenha
entendido e que eu não tenha que buscar, depois, uma solução diferente, até
gostaria de ser esclarecido. Encerro saudando todos aqueles que comigo compõem
a Casa do Povo de Porto Alegre, a síntese democrática de todos os cidadãos
porto-alegrenses. Cem por cento dos votos dos porto-alegrenses estão
distribuídos na eleição de trinta e três Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Antes de chamar o próximo orador, esta Presidência quer esclarecer ao Ver. João
Dib que existem pareceres contraditórios, com interpretações diferenciadas com
relação ao assunto. Um parecer de 1994, outro recente. Esta Presidência vai se
reunir com a Procuradoria, com a Diretoria Legislativa para tentar buscar um
esclarecimento final do assunto. Nós, preliminarmente, entendíamos que ontem
era o momento, pelo que foi nos colocado, até porque a Casa tem 17 Vereadores
na Comissão Representativa e estaria, naquele momento, com quinze. Foi a
instrução que recebemos, agora vamos esclarecer, Ver. João Dib, dentro da Lei,
sem nenhum problema, o que for preciso será feito.
Queria pedir licença para os
Srs. Vereadores tendo em vista o compromisso que assumi de participar da posse
do Secretário da Administração Cesar Alvarez e vou passar, na ausência do 1º
Vice-Presidente, que está em viagem, e do 2º Vice-Presidente, a Presidência
para o 1º Secretário, solicitando que o 2º Secretário assuma a Mesa. Queria
saudar, porque não estava presente, a Verª
Anamaria Negroni e dizer que nós, hoje, em combinação com a própria
Diretora Legislativa, Drª Inês, estamos fazendo a chamada por ordem alfabética
para todos os presentes, mas como algumas pessoas chegaram depois, que é o caso
da Verª Anamaria Negroni, nós vamos abrir o espaço para todos falarem. Foi isso
o que combinei com o Sr. Secretário, Ver. Paulo Brum, e com a Diretora. Nas
próximas Sessões, quem não estiver no momento, perde a vez. Essa é a orientação
que tem sido seguida, mas hoje, em homenagem aos novos Vereadores, nós pedimos
licença ao Plenário para que isso não aconteça.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, chamo a atenção para que hoje houve uma alteração.
Primeiro deveria acontecer a Ordem do Dia e depois as Comunicações. Hoje, V.
Exª. fez uma alteração, mas está muito bem, não há problema.
Eu pediria a V. Exª. que,
estando presente na posse do novo Secretário da Administração, transmitisse a
ele e também ao Secretário que sai, os meus cumprimentos.
Na realidade, eu não faria
esta intervenção para solicitar a V. Exª. que fosse portador do meu abraço aos
Secretários, mas sim para pedir cópia dos Requerimentos de Licença dos dois
Vereadores que hoje deixam a Casa.
O SR.
PRESIDENTE: O
seu pedido será atendido, Vereador.
Passamos a Presidência dos
trabalhos ao Ver. Paulo Brum.
SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente requeiro, nos
mesmos termos do Ver. João Dib, cópia dos Requerimentos de Licença dos dois
Vereadores que hoje deixam a Casa.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. José Valdir está com a palavra. Desiste. O Ver. Juarez Pinheiro
está com a palavra.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, queremos dizer que, para nós, é uma grande honra
participar desta Legislatura que já terá, no seu primeiro ano, a apreciação de
inúmeros projetos da maior importância para esta Casa.
Dizia o poeta: "tem
dias de muitos dias e dias de dia nenhum". Ontem tivemos dias de muitos
dias, um dia em que esta Casa ficou repleta de pessoas da maior importância
para esta Cidade, para este Estado, um dia em que a população, numa interação
impressionante com seus governantes, prestou uma homenagem àqueles que saíam e
àqueles que entravam. Essa homenagem teve por base um governo que, ao inverter
as prioridades com base, principalmente, no Orçamento Participativo, deu um
outro patamar de vida às classes excluídas da nossa Cidade.
Ontem foi um dia de muitos
dias! O nobre Ver. João Dib, querido por esta Cidade, disse aqui, alegou, como
gancho, a questão do tempo. Eu quero propor um debate a esta Casa também com
base no tempo. Sobra-nos pouco tempo, Srs. Vereadores, para que esta Casa,
articulada com outros setores da sociedade civil organizada, breque um projeto
genocida do Ministério da Reforma Administrativa, do Sr. Bresser Pereira, que
quer a privatização da saúde. Esse projeto causa náusea a qualquer cidadão de
boa-fé que por ele passe os olhos. Vai praticar, na população desta Cidade,
deste Estado e deste País, um verdadeiro genocídio. Ver. João Dib, gostaria que
V. Exª. fosse parceiro nesta luta.
Falta pouco tempo para que nós consigamos articular um grande movimento social
para que o Governo Fernando Henrique Cardoso, que considera a saúde como
mercadoria, não envie ao Congresso Nacional mais uma medida de arbítrio, uma
Medida Provisória para privatizar a saúde neste País.
Quero dizer a V. Exªs. que o
Projeto do Ministério da Reforma Administrativa intitulado de "organização
social", é uma das medidas mais lamentáveis que está por ser perpetrada
contra a população brasileira. É um projeto inconstitucional, um projeto
ilegal, um projeto contra os interesses das classes excluídas deste País que
não podem contar com um plano de saúde. Quero alertar V. Exªs: está pronta, no
Ministério da Reforma Administrativa, uma Medida Provisória e, vejam bem, o
Governo Federal prometia que, inicialmente, essa Medida seria encaminhada
mediante um projeto de lei. Hoje se sabe que já está na Mesa da Casa Civil, da
Presidência da República, uma Medida Provisória que aqui, nesta Cidade, vai
atingir instituições hospitalares como o Hospital Presidente Vargas, como o
Grupo Hospitalar Conceição que, lamentavelmente, tem uma direção que está
apoiando essa Medida, talvez por ignorância da matéria, talvez por outros
interesses escusos, uma medida genocida, arbitrária e nociva aos interesses da população deste País.
O Sr. João
Dib: V.
Exª. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu penso muito no tempo, e
não entendo como os Deputados Federais, a Câmara e o Senado não tenham tempo
para analisar as medidas provisórias, que então deixariam de existir em tão
grande quantidade. E porque eles não usam o tempo em favor do povo, por isso é
que o Congresso permite que tantas medidas provisórias sejam editadas e
reeditadas. Se cumprissem com o seu dever até teriam votado o orçamento e não a
Emenda para a reeleição do Presidente.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Concordo
com a colocação do Ver. João Dib. A sua intervenção abrilhanta mais o meu
discurso. Eu me filio em parte a essa observação, mas apesar de concordar,
parcialmente, saliento que o número de medidas provisórias é tão grande que
impossibilita que algumas sejam analisadas.
Ver. João Dib, é só uma
questão de tempo para que a população desta Cidade, que tem no Grupo Hospitalar
Conceição mais da metade dos atendimentos médicos desta Cidade, possa fazer um
grande movimento. No Rio de Janeiro, no dia 24, será realizado um grande ato
nacional contra essa medida do Governo Fernando Henrique Cardoso, que considera
a saúde como mercadoria. Chamo a atenção porque esse fato corresponde a entrega
do patrimônio público, sem nenhuma licitação e sem qualquer pagamento, porque
basta que três apaniguados políticos do Governo Federal organizem uma entidade
sob a pecha de uma fundação privada ou de uma associação civil sem fins
lucrativos, para que essa instituição receba patrimônio e recursos públicos do
Governo Federal, e o que é pior, quebre a luta da população brasileira, da
instituição do Sistema Único de Saúde.
Esta colocação que eu estou
fazendo é da maior importância. Convido os colegas a se unirem ao Movimento
Sindical e à luta da sociedade civil desta Cidade e deste Estado, para que
possamos, aqui em Porto Alegre, constituir um movimento de massas que não deixe
ser perpetrada essa Medida que, se, infelizmente, no final tiver êxito, vai
gerar a morte de milhares de pessoas. A conseqüência dessa medida, caso a
população não consiga brecá-la, será que vão diminuir leitos públicos nesta
Cidade; que atendimentos gratuitos, hoje prestados, passarão a ser pagos pela
população desta Cidade. Vai gerar que a espinha dorsal do Sistema Único de
Saúde - a descentralização - o gerenciamento pelos Estados, pelos Municípios
passem de novo para o Governo Federal, onde, se sabe, não existe controle
nenhum. Essas entidades, chamadas de "organizações sociais" não têm
obrigação de fazer concurso público, não têm obrigação de fazer licitação para
adquirir serviços, não há necessidade de licitação para a aquisição de
mercadorias, de medicamentos e outras coisas necessárias a uma casa de saúde.
Lamentavelmente, a direção do Grupo Hospitalar Conceição, talvez, por tarefa
recebida da área econômica do Governo Federal está defendendo a medida sob a
pecha de que quer garantir o emprego de 1.500 servidores. Quero dizer que foi o
PMDB na sua gestão que contratou mais de 500 pessoas, sem concurso público, e
hoje se utiliza dessa sua ilegalidade, desse seu desvio administrativo, para
justificar o apoio à medida genocida ao povo brasileiro.
Por último, agradecendo a
atenção e contando com que eu possa sensibilizá-los para essa luta, gostaria de
contestar, aqui, uma observação do nobre Ver. João Dib, no sentido de que os
nossos Secretários não possam ser licenciados ou não possam assumir os nossos
dois Suplentes. Não conheço ainda os pareceres já elaborados pela Procuradoria
da Casa, pela Comissão de Constituição e Justiça. Mas chamo a atenção para que
o que dispõe o art. 219 do Regimento - deste "livrinho" que rege os trabalhos
desta Casa Legislativa. Diz o art. 219: "O Suplente será convocado em
razão da licença, morte, renúncia ou investidura em função pública prevista no
art. 68 da Lei Orgânica." Quero dizer, Srs. Vereadores, que os nossos
companheiros como o velho lutador Ver. Lauro Hagemann, e o não menos brilhante
Ver. Cyro Martini, que já passou de forma brilhante por esta Casa, já tomaram
posse, e cabe a esta Casa, nada mais nada menos do que cumprir o Regimento e
fazer a sua convocação. Não vejo nisso nenhum vício de qualquer ilegalidade,
neste ato que a Casa, com certeza, hoje, já deverá estar fazendo. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Para que não quebrem as lajes da minha calçada
impunemente eu voltei à tribuna. A Comissão Representativa é composta de 17
Vereadores, onde seis, obrigatoriamente, são os representantes que integram a
Mesa; os outros onze, em geral, os Líderes de Bancadas, e os partidos indicam,
quando tem Bancadas de 14 Vereadores, por exemplo, mais de um, mas também tem o
seu ritual. A Comissão Representativa tem os seus Suplentes, todos os outros 16
Vereadores são Suplentes desta. Agora, não há de se ter dois pesos e duas
medidas nesta Casa impunemente, a não ser que me demonstrem o contrário, porque
esta Casa, no ano passado, não permitiu que o Ver. Raul Carrion assumisse na
Comissão Representativa, pois estávamos em recesso. E recesso é quando diminuem
os trabalhos e as responsabilidades da Casa, nós não podemos votar leis e
resoluções, mas o Prefeito pode convocar extraordinariamente a Casa e dar posse
aos dois Vereadores, não tem nada que o impeça, não sei se a Câmara aceitaria,
eu não aceitaria.
Eu gosto das coisas claras,
e, por mais apreço e respeito que eu tenha pelas pessoas, eu as tenho primeiro
por mim mesmo. Então, como defendi a posição para que o Ver. Raul Carrion
tivesse algumas vantagens que estão determinadas no Regimento, também fui
contrário à sua posse na Representativa, em julho do ano passado. Não vejo
diferença, até porque eu sou muito atento, sou opositor duro, eficiente,
conheço, e porque eu não queria ter dúvidas. Eu li, ontem, os dois
Requerimentos de licença, que são a partir de hoje. E ontem mesmo eu pedia que
me fosse fornecido o material sobre a licença do Ver. Raul Carrion. Deram-me do
ano de 1995. Não era o que eu queria. Mas, hoje, eu já tenho as cópias dos
pedidos de licença, tenho o processo do Ver. Raul Carrion. Eu tenho a cópia do
art. 219, levantado pelo Ver. Raul Carrion, mostrando que a Procuradoria da
Casa entendia que recesso é Comissão Representativa e os Suplentes; na Comissão
Representativa, são os outros 16
Vereadores. Esta é a posição da Casa, aprovada no plenário. Não é a posição do
Ver. João Dib. É por isso que eu disse, não deixo quebrar a laje, não deixo
mexer no muro, muito menos no jardim, porque, aí, fica próximo dos filhos.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Verª Maria do Rosário está com a palavra em Comunicações.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, neste momento presidindo a Sessão o Ver. Paulo Brum, Ver. Guilherme
Barbosa, Srs. Vereadores e Verª Anamaria Negroni, que acompanham esta Sessão.
Eu quero dizer da honra
absoluta, maravilhosa, de ser novamente Vereadora de Porto Alegre, de ocupar
esta tribuna e dizer também da nossa responsabilidade, certos de que a Cidade
inteira, o Estado inteiro se volta para Porto Alegre, a Capital de todos os
gaúchos, observando os atos políticos que a partir desta Casa também pautam a
vida da Cidade e a vida deste Estado. E, sem dúvida, que é importante, neste
momento, fazer uma saudação especial às mulheres que passam compor este
Legislativo Municipal e que, junto comigo - mas outras Bancadas, a Verª Clênia
Maranhão, a Verª Anamaria Negroni, a Verª Teresa Franco e a Verª Sônia Santos -
estarão trazendo a esta Casa o elemento de que o poder é masculino e é
feminino. O poder tem diversas faces e pode ser exercido para o bem de todas as cores e de todos os gêneros,
afirmando a existência, o reconhecimento da diferença, mas nunca da
inferiorização de quem quer que seja. Esse é o sentido fundamental do trabalho
que queremos desenvolver junto com os colegas na Comissão de Defesa do
Consumidor e Direitos Humanos, um trabalho que busque o enfrentamento da
exclusão social, que busque o reconhecimento da diferença, mas do valor que
existe na diferença: dos deficientes físicos e mentais, das mulheres, dos
negros, dos índios, das crianças e dos adolescentes.
Quero dizer que a
responsabilidade de todos nós neste momento é muito grande, e que, sem dúvida,
esta Câmara se afirma como um espaço que privilegia o ser humano, e portanto as
políticas públicas na área social são aquilo que de fundamental deverá estar sendo
discutido por nós. Mas, para que consigamos afirmar políticas públicas de
educação, saúde, moradia, segurança, direitos de crianças e adolescentes, dos
idosos, precisamos afirmar um País soberano e livre. Aqueles que me antecederam
falaram sobre o grave momento que vivemos, onde a economia, onde as relações
políticas mais gerais deste País não estão voltadas para o desenvolvimento da
igualdade, não estão voltadas para a inclusão, mas reafirmam as diferenças e
contradições sociais mais profundas, que precisam encontrar nesta Câmara de
Vereadores uma resistência muito grande. Sem dúvida, os que defendem políticas
públicas na área social não são favoráveis ao Estado omisso, às privatizações
da forma com que ocorrem nos dias de hoje, dilapidando-se o patrimônio público
e entregando-se o que de melhor existe na nossa Nação, construído pelo esforço
de todos os brasileiros, mas apropriado por poucos. Refiro-me no plano nacional
às ameaças que paira sobre o Vale do Rio Doce, as ameaças permanentes sobre a
PETROBRÁS, empresas públicas da maior grandeza e que são patrimônio de todo um
povo, do povo brasileiro, mas que lamentavelmente estão apropriadas
privadamente por interesses de grandes grupos. Mas me refiro também, Ver.
Guilherme Barbosa, ao que observamos ser os movimentos do Governo do Estado do
Rio Grande do Sul, sem qualquer discussão mais profunda com a sociedade gaúcha,
numa relação autoritária no sentido da sociedade, e ouso dizer, na própria
relação com a Assembléia Legislativa do Estado, onde compõe uma maioria que não
estabelece diálogo com os outros setores, ali observamos a entrega do
patrimônio público, e especialmente aqui, da CRT e da CEEE. Precisamos sim,
cerrar esforços para que as empresas públicas não estejam sobre a concepção
privada do Estado, mas que justamente na defesa do Estado Nacional, possamos
conquistar e afirmar um outro tipo de Estado. Um Estado verdadeiramente
democrático, um Estado verdadeiramente a serviço da maioria da população e que
se desprivatize, que esteja voltado fundamentalmente para as políticas sociais,
onde podemos estabelecer políticas de inclusão, políticas de direitos humanos,
de direitos sociais, políticas de vida e não de morte; políticas de
favorecimento do ser humano e não políticas que continuem determinando a vida
com tantas dificuldades para alguns.
As características de homens
e mulheres deste Parlamento podem ser comuns, em diferentes Bancadas, em
diferentes espaços, cada um trazendo um acúmulo da sua própria vida, a sua contribuição. Vamos formar um todo, com
interesses comuns, onde homens e mulheres podem afirmar no cotidiano, honradez,
ética, competência nas diferentes funções, coerência política e,
fundamentalmente, sensibilidade para os problemas sociais e para a vida da
nossa população.
Quero, por fim, dizer que
sinto-me absolutamente honrada de ser Vereadora de Porto Alegre. Sou feliz
nesta Casa e acho que isso é muito importante para quem se reivindica
representante da nossa população. Não vejo a hora, Ver. Juarez Pinheiro, que
aqui, neste Plenário, tenhamos as cadeiras lotadas e o nosso povo acompanhando
as medidas que a Câmara terá que desenvolver. E não vejo a hora em que muitos
atos políticos possamos desenvolver na defesa do nosso País, na defesa da nossa
Cidade, da nossa gente - a nossa gente, os trabalhadores, organizados nos
sindicatos, nas associações, nos clubes de mães, homens e mulheres nas escolas
de samba, em todos os espaços de organização popular. Não vejo a hora, porque
sei que estarão aqui os setores organizados, mas sei, também, que estarão aqui,
como estiveram sempre, os representantes do Orçamento Participativo, aqueles
cidadãos que participam na base das determinações da nossa Cidade, dizendo que
tipo de cidade querem.
Deixo para o momento final
uma saudação muito especial e muito carinhosa à Mesa, que assume esta
responsabilidade. Tenham certeza de que vocês estão à frente, tenho absoluta
convicção disso, de uma das melhores Câmaras de Vereadores do País, e que cada
um de nós, e eu de modo muito fraterno, estendo a minha mão, porque tem um
sentido muito especial nós termos conseguido compor, tão pluralmente, uma Mesa,
como fizemos no dia de ontem, sabendo que os Partidos, que não participam desta
composição, o fizeram por sua vontade política e não por qualquer restrição aos
que compõem a Mesa Diretora e as posições determinantes desta Casa. Fica a
saudação, a certeza do trabalho conjunto, a energia redobrada, e que o ano de
1997 seja um ano de muita luz e muita luta, e que todos nós sejamos felizes
nesta Casa, representando um povo também feliz junto conosco. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, considerando a divergência à
interpretação do art. 219 do nosso Regimento; considerando a leitura que se faz
dos primeiros dispositivos desse documento, onde trata da questão da posse dos
Vereadores eleitos, a possibilidade, inclusive de que os Vereadores eleitos e
diplomados, que não tomem posse na Sessão Inaugural da Legislatura, o possam
fazer no prazo de trinta dias, supondo-se, assim, que isso tem que ser feito
perante o Plenário desta Casa, o que é a lógica; considerando que exemplos
anteriores aqui trazidos à colação não se prestam à discussão, porque no caso,
por exemplo, do Ver. Raul Carrion, o fato aconteceu durante uma reunião da
Comissão Representativa desta Casa, que não foi o caso de ontem; considerando
que ontem o Ver. Lauro Hagemann e o Ver. Cyro Martini tomaram posse perante
todos os membros deste Poder, o que foi absolutamente legítimo e que agora só
basta o cumprimento do art. 219; considerando ainda o princípio de que, quando
a Lei não é suficientemente clara ou quando há lacuna, precisamos nos socorrer
dos princípios gerais do direito; considerando que não é possível que cada
dispositivo possa levar ao absurdo, e, levando em conta o interesse público da
Cidade, solicito que a Mesa se posicione sobre essa interpretação e, se não
tiver condições, que esse assunto seja encaminhado à Comissão de Constituição e
Justiça.
O SR.
PRESIDENTE: O
Presidente mesmo mencionou que levaria o assunto à Procuradoria para que o
analise, e hoje à tarde mesmo dará dado um Parecer.
O SR. JAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): O meu Requerimento é no sentido de a Mesa, se não
tiver posição, questionar a Procuradoria e encaminhar, posteriormente, à
Comissão de Constituição e Justiça.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Requeiro, para que não restem dúvidas, já que o art. 79 do Regimento
estabelece que o Vereador será sempre substituído pelo Suplente na Comissão
Representativa, cópias dos Anais da Sessão de ontem, a partir da posse do Sr.
Presidente Ver. Clovis Ilgenfritz. Vou demonstrar que, no momento em que foram
lidos os nomes dos dois Suplentes, a Comissão Representativa estava vigente, já
havia tomado posse: portanto, no dia 02 de janeiro, não haveria necessidade de
ocorrer o pedido de licença para os titulares serem substituídos.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de saber se o meu
Requerimento vai ser atendido?
O SR.
PRESIDENTE: Ambos
os Requerimentos vão ser atendidos.
Com a palavra o Ver. Nereu
D'Ávila. Ausente. O Ver. Paulo Brum está com a palavra em Comunicações.
O SR. PAULO
BRUM: Sr.
Presidente, neste momento, Ver. Guilherme Barbosa, Srs. Vereadores, permitam
usar este espaço para saudar os novos colegas que estão assumindo e os que se
reelegeram, a Mesa, os funcionários e dizer que faço alguns agradecimentos
neste momento.
Em primeiro lugar, agradeço
a Deus. Muitas e muitas vezes eu pedi que Deus me levasse com ele e que não me
deixasse em uma cadeira de rodas quando, aos dezoito anos de idade, em um
acidente de carro, senti que a vida havia acabado naquele momento, mas, hoje,
ocupo esta tribuna para agradecer a Deus que me deixou vivo, nesta cadeira e me
fez provar, não ao mundo e nem às pessoas, mas a mim mesmo, que a vida é muito
mais do que caminhar, andar e correr.
Assim, meus colegas, Sr.
Presidente, assumo hoje este desafio, porque a minha vida sempre foi um
desafio. Viver, para mim, é um constante desafio, mas assumo com a certeza de
que tudo farei para corresponder àquelas pessoas, colegas, à minha Bancada que
me indicou para compor a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Assumo com orgulho, satisfação, com grata alegria e felicidade e de dizer que
estamos juntos. Assumo também como soldado, que aprende e que tudo fará para
que realmente possamos fazer uma bela administração junto à Mesa Diretora da
Câmara Municipal de Porto Alegre.
Saúdo os colegas Vereadores.
Que Deus nos ilumine, nos proteja e nos dê muita saúde e longa vida a todos
nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra. Ausente. O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra em Comunicações..
O SR. RENATO
GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, eu gostaria de destacar a
minha imensa honra por estar entre os trinta e três Vereadores desta Casa,
representando a população de Porto Alegre. Gostaria também de saudar a todos os colegas Vereadores e a
todos os funcionários desta Casa e dizer que temos uma imensa tarefa pela
frente: representar o povo de Porto Alegre nos próximos quatro anos, defendendo
seus interesses, suas intenções e vontades.
Hoje, pela manhã, quando
vinha para esta Casa, pensava que vários problemas se destacam na conjuntura
nacional, mas alguns deles me preocupam sobremaneira. Destaco como problema
político nacional o fato de termos um Governo Federal que governa através de
medidas provisórias, não fazendo a relação com o Parlamento, não fazendo a
relação com a representação do povo, isso me preocupa. Destaco o problema do
desemprego, da total concentração de renda no País; reafirmo isso, vejo que
existem problemas de falta de distribuição de renda, há uma total concentração
de renda no País. Destaco também que o que se chama de salário, hoje, não dá
para sustentar uma pessoa, muito menos uma família. Mas deixo como registro
principal nesta primeira vez que ocupo a tribuna, um problema, que para mim, é
o mais grave que este País enfrenta e que visualizei vindo para cá hoje de
manhã, que é o problema social; na Av. Ipiranga vi uma criança, que não deve
ter mais do que oito anos de idade, de pés descalços, puxando um carrinho de
papelão, sozinha, um carrinho cheio de papel. Pergunto aos Srs. Vereadores se
existe problema mais sério do que este
no País? Acredito que não! Gostaria de chamar a atenção das autoridades
federais, estaduais e municipais e deste Parlamento, porque um País que diz que
está conseguindo estabilidade econômica, estabilidade política, mas tem esta
dura realidade pela frente, não pode, de forma alguma, dizer que tem
estabilidade social; não tem, porque está condenando o seu futuro, no momento
em que coloca uma criança a puxar uma carroça; papel que não serve a nenhum ser
humano, só para os animais de força, os cavalos é que puxam carroças. Seres
humanos não puxam carroças, e crianças jamais devem ser colocadas nessa
situação. Nós, sociedade brasileira, estamos condenando o nosso futuro no
momento em que só enxergamos a questão econômica, a questão política, e não
enxergamos essa dura realidade social. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Cyro Martini está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, não tenho nada contra o Ver. Cyro Martini, mas coloquei
uma Questão de Ordem sobre se pode ou não assumir na Comissão Representativa.
O SR.
PRESIDENTE: Como
não foi julgado, ainda, neste momento ele está assumindo, conforme me orienta a
Diretoria Legislativa.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Com base no Regimento, mesmo o Vereador que não é
membro da Comissão Representativa pode fazer uso da palavra?
O SR.
PRESIDENTE: O
Vereador é Suplente da Comissão Representativa e neste momento está fazendo
parte da mesma.
O Ver. Cyro Martini está com
a palavra.
O SR. CYRO
MARTINI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é motivo de grande satisfação retornar a esta
Casa e poder contribuir, com minhas modestas forças, é verdade, mas contribuir
de alguma maneira para resolver os problemas da Cidade.
É verdade que, a despeito do
desconhecimento aqui demonstrado pelo Ver. João Dib, da situação de Porto
Alegre, que hoje não tem tão graves problemas com relação às ruas, à iluminação
pública, claramente visto por quem circula pelas vilas e pelos bairros populares,
mas aqueles que têm no sangue o vezo da oligarquia, que têm no sangue as elites
dominando, sem margem alguma para o povo, que chamam de "arraia
miúda", esses, evidentemente, sempre procuram, seja lá onde for - ali, lá,
debaixo da cama, onde puderem, lá naqueles instrumentos que não são tão
utilizados - colocarem obstáculos. Esse nobre Vereador, pelo qual sempre nutri
simpatia, vejo-o agora com amargor, com dissabor na alma. Não é cassação. V.
Exª. falou e disse o que bem entendeu. V. Exª. que pretende, e hoje deu mostras
claras, ser o dono da verdade dentro desta Casa, deve saber que vai encontrar,
agora, obstáculos para colocar-se sempre, como o dono da verdade. A Cidade de
Porto Alegre sabe que V. Exª. não conhece os cantos da Cidade. E há de
respeitar estes cantos e há de respeitar o Orçamento Participativo, há de
honrar a vontade do povo de Porto Alegre. V. Exª., se depender de nós, não terá
oportunidade para vir, de novo, vingar de alguma maneira aqui aqueles
procedimentos que tiravam da vida pública, sem mais nem menos, homens de valor
e de expressão. Eu ouvi quando V. Exª. falou, agora deve ouvir...
(Aparte anti-regimental do
Ver. João Dib. )
O SR.
GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria que
esta Presidência cumprisse o Regimento e garantisse a palavra para o orador que
está na tribuna e para que qualquer Vereador que quiser fazer uso da palavra
solicitasse aparte.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Com o máximo respeito que eu tenho com a figura do Sr. Cyro Martini e
porque tenho convicção de que ele não é Vereador, neste momento, estou pedindo
autorização à Mesa para me retirar do plenário. A Sessão para mim está encerrada, eis que o Vereador que está
na tribuna não é Vereador. Eu peço licença.
O SR. PRESIDENTE:
Será dada
Ver. João Dib. O Ver. Cyro Martini está com a palavra.
O SR. CYRO
MARTINI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, evidentemente que eu não vim aqui, hoje, para
fazer essas colocações que, de modo surpreendente, eu tive que fazer, para
demonstrar claramente que nós não vamos admitir, desde as pedras da calçada ao
fundo do nosso quintal, que isso ocorra conosco ou quem quer que seja. A nossa
colocação é simples e clara. Nós, que viemos das camadas populares, das vilas e
bairros populares, queremos dizer do nosso compromisso com as forças populares.
E esse compromisso nós vamos traduzi-lo de um modo muito simples.
Eu disse, lá no bairro, lá
na vila, lá na Grande Partenon, e em vários pontos de Porto Alegre, e repito
aqui, que nós, na medida das nossas forças, vamos abrir esta Casa para o povo
humilde de Porto Alegre. Este é nosso compromisso, com o Orçamento Participativo,
com os Conselhos Populares, com o povo das vilas, com o povo dos bairros
humildes desta Cidade. E este compromisso nós vamos honrar, a despeito das
contrariedades e das adversidades de certos representantes da elite, que não
querem que assim seja. Mas nós estaremos aqui para essa representatividade. A
Casa Legislativa de Porto Alegre, como a Assembléia Legislativa e o Congresso
Nacional, está muito distanciada do povo. O povo não sabe o que acontece aqui;
não sabe o que fazer com a sua Câmara de Vereadores. E para isso nós vamos
encontrar solução; para que o povo tenha vez e oportunidade nesta Casa. Não
vamos admitir que as aspirações e os interesses do povo sejam, como têm sido,
conduzidos, nesta e nas demais Casas Parlamentares, empurrados com a barriga.
Os interesses, as reivindicações e as aspirações do povo não são, na verdade,
dentro desta Casa, encaminhados para uma solução, mas sim administrados para serem projetados para um
futuro muito distante. A nossa intenção é essa, é o compromisso que assumimos,
lá, e estamos aqui declarando, de trazer a luta do povo humilde e simples de
Porto Alegre.
A par disso ouvimos aqui
manifestações acerca do neoliberalismo com relação à CEEE, à CRT e ao SUS, mas
queremos falar também a respeito da segurança pública, da polícia civil,
trazendo a palavra legítima e autêntica, na medida do possível e na medida das
nossas forças. E por isso gostaríamos de deixar registrado, nos Anais desta
Casa, que não podemos aceitar este cidadão jovem, mas Secretário do Estado
infelizmente, o Sr. José Eichenberg, que
pretende privatizar o Departamento de Trânsito. Este que tão bem tem
sido administrado pela Polícia Civil ao
longo dos anos, vemos agora cheio de nódoas e de manchas graças às
manifestações, infelizmente, de pessoas como o Sr. José Eichenberg que dizem
como tal, colocando naquela casa corruptos e ladrões. Isso não podemos admitir
que ele diga, em suas palavras, há falta de seriedade, dando a entender isso a
que me referi a pouco. Não podemos admitir que, ele ou que o Governador do
Estado, atinjam moralmente aqueles que lá trabalham e especialmente aqueles que
lá trabalharam. Cidadãos como esses, na ganância e na ânsia de quererem aplicar
políticas contrárias ao interesse do povo, não colocam o menor obstáculo para
mancharem o nome de grandes servidores públicos que passaram pelo Departamento
de Trânsito. Então, é essa a colocação que quero deixar clara: a par do
compromisso popular, nós temos um compromisso com a nossa origem pública, que é
a segurança, a polícia e o DETRAN.
São essas as palavras,
lamentando de novo a manifestação do Ver. João Dib, que procurou, lá no fundo
de não sei onde, uma oportunidade para dar vazão àquilo pelo qual ele tenha
nutrido tanto prazer, tanta satisfação, no passado. Quero também manifestar o
meu agradecimento pela manifestação do Ver. Juarez Pinheiro, que procurou dar
oportunidade ao Vereador, contrário à solução do nosso engajamento e da nossa
integração nesta Casa, para que ele se reabilitasse. Infelizmente,
teimosamente, de uma maneira radical, não aceitou essa oportunidade. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Respondendo
à Questão de Ordem do Ver. Juarez Pinheiro, o nosso Regimento, art. 81,
Parágrafo Único, diz: "Durante a reunião da Comissão Representativa, os
Vereadores presentes poderão usar da palavra por dez minutos cada orador, com
direito a aparte, falando prioritariamente os membros titulares da Comissão.
O Ver. Nereu D'Ávila está
com a palavra em Comunicações.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Quero saudar, com muito carinho, os nossos novos
colegas que hoje começam uma labuta que, certamente, dará continuidade às suas
atividades de antes de serem representantes populares e que, através de um
trabalho comunitário ou qualquer trabalho junto à sociedade, conseguiram um
mandato popular, coisa que, em função de trezentos e tantos candidatos, somente
trinta e três foram os eleitos. Esses trinta e três, por uma razão de
liderança, de representatividade nas comunidades, estão aqui hoje, embora
respeitando os que não conseguiram, mas, evidentemente, não há lugar para
todos. Saúdo os que aqui estão começando um mandato e, certamente, honrarão
esse mandato e nos darão muita alegria em conviver conosco, numa Casa de
tradição mais que secular. Nós queremos manter essa tradição bem alta.
Quero me pronunciar sobre a
questão levantada pelo Ver. João Dib. Independentemente e essa é uma posição
que venho adotando há anos. Questões pessoais neste momento não estão em jogo,
mas mesmo nos nossos lares, quando se tem muitos filhos, há que ter uma norma,
há que ter algo que determine a funcionalidade da casa, se a televisão funciona
até às 23 horas; se os temas são feitos de noite, de tarde, de acordo com as
idades e as hierarquias, a labuta do dia-a-dia dos membros daquela família,
senão a desorganização é completa. Aqui, na Casa, temos uma Lei Orgânica e um
Regimento. Então, escoimadas as questões pessoais, nas quais ninguém quer se
deter, nós temos que nos deter, exatamente como fez o Ver. João Dib, na questão
regimental. Há um Parecer de 27 de janeiro de 1994, da ilustre auditora desta
Casa, muito respeitada por nós, a Drª. Martha dos Santos Lages, que refere
sobre convocação de Suplente durante o período do recesso parlamentar. Diz ela:
(Lê: "O recesso parlamentar é um período em que a Câmara Municipal passa a
funcionar com número reduzido de Vereadores, através da Comissão
Representativa. Como o próprio nome sugere, a Comissão Representativa representa a Câmara (Plenário).
O que o Regimento resguarda
e protege é a composição da Comissão Representativa. Eis a razão de os demais
Vereadores, os não-eleitos, serem considerados suplentes por Bancada. Na verdade, durante o recesso parlamentar,
somente exercem as funções legislativas propriamente ditas (votação), os
integrantes da Comissão Representativa, ou seja, os integrantes da Mesa e os
Vereadores eleitos. Os demais Vereadores são considerados Suplentes.
A licença de um Vereador não
integrante da Comissão Representativa não induz ao chamamento de Suplente de
Vereador, eis que a Câmara não está funcionando a pleno, mas representada, e,
por uma ficção, o Vereador licenciado passa à condição de Suplente, não do
exercício do mandato, mas das funções legislativas.
O Regimento da Câmara não
dispõe sobre a matéria de modo específico, mas conjugando-se os conceitos da
Câmara (Vereadores reunidos no Plenário), de Comissão Representativa
(representação), e de Suplente (aquele que não está no exercício), por
construção jurídica chega-se à tese de que somente o titular da Comissão
Representativa deve ser substituído durante o recesso parlamentar, por Suplente
(Vereador titular).
É o parecer, s. m. j.
Em 27.01.94
Martha dos Santos Lages -
Auditora"
Esse foi o pedido do Ver.
Luiz Braz para dirimir dúvidas quando assumiu a Presidência, tanto que o
Parecer é de 27 de janeiro de 1994.
Em 1996, tivemos a consulta
por parte do Ver. Raul Carrion, Suplente, a respeito de sua convocação para
assumir o período de 29 de janeiro a 15 de fevereiro, durante a licença do Ver.
Geral do de Matos Filho. Temos aí um novo Parecer, dessa vez sobre um caso
específico. O de 1994 tratava de um caso em tese.
(Lê o Parecer de 29 de
janeiro de 1996, da Drª Martha dos Santos Lages.)
"...Estamos, agora,
frente a caso específico: O Vereador licenciado é membro titular da Comissão
Representativa.
O fato da titularidade do
Vereador licenciado não altera as conclusões do parecer supra, eis que, neste
caso, o Regimento é explícito: assume o Suplente da Comissão Representativa e
permanece a Comissão com o número de Vereadores que representam a Câmara
durante o recesso parlamentar.
O Suplente de Vereador é
convocado para assumir a Câmara, que se reúne ordinariamente de 15 de fevereiro
a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. Este é o período da Sessão
Legislativa Ordinária.
Nos períodos de 16 de
dezembro a 14 de fevereiro e de 1º a 31 de julho, a Câmara Municipal está em
recesso, e não em Sessão Legislativa.
O Novo Dicionário Básico da
Língua Portuguesa define a palavra recesso
como "suspensão temporária das atividades do Legislativo e do
Judiciário".
Assim, todas as normas
existentes no Regimento e na Lei Orgânica, referentes a Vereadores, têm
aplicação durante a Sessão Legislativa.
A Comissão Representativa e
a Sessão Legislativa Extraordinária têm normas específicas.
No caso sob exame, o Autor
da consulta pretende assumir a Vereança, em substituição, durante o recesso
parlamentar. Ocorre que o Regimento dispõe especificamente para a Comissão
Representativa, que assume, em caso de licença, o Vereador Suplente da Bancada.
Não abre, o Regimento, nos dispositivos específicos, hipótese de Suplente de
Vereador assumir a Vereança, até porque a Câmara está com suas atividades
suspensas, funcionando através de representação (Vereadores eleitos para esse
fim).
Quanto ao fato de o Autor da
consulta já ter assumido a Vereança, em substituição, durante o período de
recesso parlamentar, este procedimento foi adotado antes do parecer supracitado. Por ocasião daquela posse, não foi
consultado este Órgão Jurídico acerca da regimentalidade do ato.
Concluindo, esta
Procuradoria entende, à luz do Regimento e da Lei Orgânica, que a licença de
Vereador propicia chamamento de Suplente de Vereador no período da Sessão
Legislativa Ordinária e na convocação Extraordinária. Durante o recesso
parlamentar, na licença do Vereador titular da Comissão Representativa, assume
Vereador titular Suplente por Bancada. Na licença de Vereador não-titular da
Comissão Representativa, não é chamado Suplente de Vereador.
É o parecer, s. m. j.
Em 29.01.1996
Martha dos Santos Lages -
Auditora"
Então, são duas coisas:
primeiro, nós, da nova Legislatura, teremos que, em fevereiro, quando
reivindicar os trabalhos propriamente ditos, nos debruçarmos sobre algo que
estava na pauta no ano passado, mas que, por excesso de matéria, não foi
enfrentado, que foi a questão das alterações do Regimento. Fui o Presidente da
Comissão, e desde 1983, ainda no prédio antigo da Câmara, já participava da
Comissão que tratava da mudança do Regimento. Agora, em 1995, fui o Presidente
da Comissão do Regimento e venho estudando as questões do Regimento há muito
tempo. Então, digo que teremos que colocar uma norma a respeito disso, e acho
que se deve vencer essa questão. Não vejo razão, como no caso de ontem, mas a
licença é a partir de hoje, e bate-se com as questões da Procuradoria porque,
para os novos Vereadores eu digo que as questões - e os advogados sabem disso -
não dirimidas em Lei - e a nossa Lei é o Regimento - vão para jurisprudência,
que é um Parecer dos doutos, dos juízes, dos desembargadores e dos Ministros do
Tribunal. Aquilo que não está na Lei é jurisprudenciado, como norma, e vale como
lei. No caso do Regimento não contemplado, esse Parecer vale como lei, salvo
melhor juízo. Eu acho que não há porque não mudar, não há problema. Por que não
acolher os Vereadores? É só mudar o Regimento. É por isso que digo para não
misturar-se, aqui, o discurso do Ver. Cyro Martini, que foi demagógico, foi
fora do tom. Dou a minha solidariedade, mas é uma questão de lei, de norma. E
como disse: numa casa tem que ter normas; em um parlamento tem que ter normas,
em uma Nação tem que ter normas, senão é o caos, cada um faz o que acha que é
bom. Então, eu acho que o Regimento deve ser mudado, porque há um
constrangimento de um colega que está aqui e que nós devemos acolher, mas
acolher nos termos da lei, nos termos legais. Não podemos acolher porque nós achamos,
porque nós gostamos do Vereador, porque nós admiramos o Vereador. Esse é o
caso. Agora a lei é a lei. Então, no caso, não havendo específico no Regimento,
eu acho que devemos especificar.
Concluo dizendo, foi bom, de
certo modo que nós não tivéssemos votado as alterações do Regimento, porque
essa parte não foi contemplada. E aqui na Casa a cada ano, pela experiência que
temos, surgem problemas que não estão contemplados no Regimento e é bom
enfrentarmos sempre os problemas. Eu acho que este aqui pode ser contemplado no
Regimento, por que não? Ora, meu Deus, se o Vereador está de licença vamos
achar uma maneira. Agora, enquanto isso não acontecer, eu creio que vale o
Regimento, ou seja, fazendo o que nós achamos de bom-senso, estabelecendo a
nossa vontade, apenas porque gostamos ou não de uma situação. Mas não é por aí,
gostando ou não gostando temos que ter normas, ter leis e ser regidos pela lei.
O homem, a sociedade são regidos pela lei, se a lei não é boa, muda-se a lei,
mas não desrespeitem a lei. Muito obrigado.
(Não<C> revisto pelo orador.)
O SR
PRESIDENTE: O
Ver. Gerson Almeida está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR.
GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A Sessão Legislativa de hoje foi marcada por uma questão de ordem
regimental, justa, que se leva todas as questões de ordem regimental, na medida
em que o Regimento é a norma básica que deve subordinar todos os nossos atos.
Eu quero dizer o seguinte:
os ofícios que os Vereadores João Verle e Henrique Fontana apresentaram à Casa,
não só são datados do dia 1º de
janeiro, mas dizem o seguinte: (Lê o ofício de pedido de licença.) Vejam bem,
não há relação e não há superveniência de uma licença sobre a outra. De outra
parte, o que não pode acontecer é o Vereador assumir sem ocorrer a licença do
titular anteriormente. Licenciar-se antes de assumir o cargo é absolutamente normal, regimental e
legal, porque não há só essa licença, são previstos outros tipos de licença. No
entanto, nas páginas seguintes do pequeno processo, já não da lavra dos
Vereadores Henrique Fontana e João Verle, mas já há um ato interno. A Casa
Legislativa é que trata a licença como sendo a partir do dia 02 de janeiro.
Isso bem percebeu o atento Ver. João Dib. Na seqüência, aí, de fato, há margem,
há abertura para que essa polêmica esteja acontecendo. Perdoe-me inclusive pela
leitura do Parecer que já previa, em situações semelhantes, mas não igual como
foi o caso do nobre Ver. Raul Carrion.
Pois bem, pela primeira vez,
é legítima toda a questão. Não quero, naturalmente, apelar para que o Regimento
seja superado, porque estou convencido de que neste caso a questão do Ver. Raul
Carrion elidiu uma dúvida. Para isso está aí a Comissão de Justiça para dar
Parecer, o que me parece correto. Se problema houve, devemos debatê-lo. Essa
foi uma das primeiras medidas, quando a Mesa estava sendo renovada em quase
100%, em que uma série de fatos estavam acontecendo pela primeira vez. Se houve
erro este não foi relacionado ao ofício dos Vereadores, mas erro acarretado
pelos atos internos da Casa. Nós devemos levar em conta as circunstâncias
excepcionais da Sessão, a situação em que não só a Mesa estava mudada em quase
100%, mas também as Diretorias e as
Assessorias da Casa. Parece que não há ferimento do Regimento, porque os ofícios
que pedem as licenças têm a data do dia primeiro. Até ao final da Sessão
Legislativa de ontem não havia começado o recesso, logo o ato feito pela Câmara
de posse dos Vereadores Cyro Martini e Lauro Hagemann é absoluta e
perfeitamente legal e regimental, e os Vereadores estão investidos de todas as
prerrogativas que cabem ao Vereador. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às
11h09min.)
* * * * *